sábado, 30 de agosto de 2008

Sobre problemas e visões

Uma dor de dente pode ser um problema.Um engarrafamento pode ser um problema.Calo, resfriado, atraso... tudo isso pode tirar do sério.
Ainda assim, no meio de uma rotina problemática e conturbada, sobraria algum tempo pra refletir sobre a real dimensão dos nossos percalços e o tamanho da importância que competimos a eles.Talvez a incapacidade de lidar com o que há de errado é que nos faz perder o controle da situação.Ou talvez, ‘’mediocridade’’ é o verdadeiro nome do que torna pouca coisa em grandes obstáculos assustadores.
Enquanto dois espirros nos prendem em casa, dificuldades muito maiores não impedem muita gente de continuar a trabalhar, estudar, caminhar..Enquanto um contratempo qualquer pode te tirar o sono, não ter um lugar seguro onde deitar é o único motivo pelo qual muitos deixam de dormir.As vezes, só as vezes, compara a sua vida com a de quem nem sequer ousa se comparar a você.Vistos de longe seus problemas ficam menores.Quem sabe até aceitáveis?
Não é extremismo, leve simpatia ao socialismo ou algo do tipo.São duas mãos puxando seus calcanhares e tentando fazer com que seus pés alcancem o chão.Ainda tem conserto.

domingo, 24 de agosto de 2008

Texto?

Um texto pode ser visto como algo completamente simples. São letras, sílabas, palavras, frases, parágrafos. Mais ou menos parecido com a formação de uma casa: tijolos, muros, paredes. O cimento como elemento principal dessa construção, em muito se assemelha ao essencial de um texto: as idéias, a criação.Sem ele, não há como formar a arte final, nem sustentá-la.
Estar habilitado a escrever, não necessariamente habilita a ser um escritor.Um escritor traz o papel de fazer o leitor se envolver, sentir, participar e estar totalmente entregue a leitura.Lista de compras, avisos em papel-destaque ou um formulário preenchido não bastam.
Assisti um filme um dia desses, e adorei. Em ‘ De encontro com o amor’, um jornalista é escolhido para escrever sobre a vida de um renomado e conturbado escritor. Este, tenta fazer com que o rapaz descubra um pouco mais sobre a arte com a qual ele gastou toda a vida, e pede para que descreva em palavras a dor de um soco no estômago.O jornalista o faz sem cerimônias.Não satisfeito, o escritor lhe dá o soco no estômago e pede para que descreva a dor outra vez.'Agora, sua descrição será brilhante' diz ,deixando o jornalista no mínimo abismado.A cena mostra como as experiências podem contribuir para a autenticidade de uma mensagem a ser passada, tornando-a mais verdadeira, mais clara e mais intensa.
Não sei se tenho pretensões escritoras, nem se o que sinto conseguiria ser perfeitamente passado para quem lê o que escrevo.É difícil, e é realmente mais complexo do que qualquer um pode imaginar.Mas disso tenho certeza: 'não me contento com lista de compras, avisos em papel-destaque ou um formulário a preencher..'