segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Re-ação

Aquela imagem nunca saiu da minha cabeça. Um menino sorridente, de seus quase seis anos, com o queixo encostado na janela aberta do carro.Bastou o “Tio, o senhor tem dez centavos?” para desestruturar qualquer um.Me senti ficando com cara de boba enquanto admirava o menino.Tentei entender algo sobre ele, olhei como estava vestido, quem o acompanhava, se levava algo nas mãos.Mais a frente, vi uma moça com uma criança no colo.Provavelmente era a mãe do garotinho que ainda me olhava naquele momento , esperando minha reação.Além de dizer o quanto ele era uma gracinha, o máximo que consegui foi estender umas moedas.Depois da minha ‘gentileza’, ainda o olhei correr e entregar as moedas para a moça, felicíssimo. Virei pra frente e outros pensamentos invadiram minha cabeça, mas até hoje, sempre que escuto a palavra ‘ desigualdade’ lembro do menino.Penso em mim com a idade dele, penso em como os meus filhos talvez pudessem ser tão diferentes dele, mas penso principalmente no pouco que eu fiz e faço por meninos como ele.A sensação de impotência me invade às vezes, e a de comodismo acaba a acompanhando.Não sei se fecho os olhos ou se os abro de vez, tornando muitas das coisas que pra mim eram importantes, em totalmente inúteis e sem sentido.Valeria a pena?